domingo, 1 de junho de 2025

Domingo Sangrento 1905.

 



O Domingo Sangrento que ocorreu em 22 de Janeiro de 1905, foi uma tragédia que vitimou cerca de 200 pessoas e fez centenas de feridos.
 

O Padre Gapon foi o responsavel pelo ajuntamento de milhares de pessoas em São Peterburgo.
A  situação  na  cidade  era  caótica,  pois  há  uma  semana  pelo  menos  que  havia  greve  geral  e  distúrbios.

Para entregar uma petição ao Czar Nicolau II, Gapon não precisava de milhares de pessoas com ele.
 
 A multidão era de cerca de 4000 pessoas, muitas das quais foram arrastadas pelo caminho.
Para  entregar  uma  petição,  bastaria  se  reunir  com  alguns  trabalhadores  e  pedir  uma  audiencia  com  o  Czar  Nicolau II.
 
A  Petição  era  em  parte  justa,  e  em  outros  pontos  revolucionária.


Estes  eram  os  pedidos:

  1. Anistia  para  os  presos  políticos
  2. Assembleia  Constituinte
  3. Sufrágio Universal
  4. Separação  entre  igreja  e  Estado
  5. Liberdade  de  expressão  e  de  imprensa
  6. Fim  da  guerra contra o Japão
  7. Oito  horas  de  jornada  de  trabalho
  8. Imposto  sobre  a  renda
  9. Salário  minimo

Fonte  Nicolau  e  Alexandra, páginas  60-61

 

Os  primeiros  cinco  pontos,  o  Czar  não  aceitaria  porque  era  uma  revolta  contra  a  sua  autoridade  e  também  contra  o  seu  juramento  no  dia  da  coroação.

Os  outros  4  pontos,  com  certeza  que  ele  ia  ponderar  mas  não  teve  tempo. 


No  dia  anterior,  dia  21  de  Janeiro ,  as  fontes  relatam  que  o  Czar  foi  informado pela  Okhrana,  que  era  a  polícia  secreta  do  Império e  por  um  ministro  que haveria  tumulto  violento  e  talvez  tentassem  invadir  o  Palácio.
 
Ele  escreveu  no  Diário:
 
 “Foram enviadas tropas dos arredores para reforçar a guarnição”, ele escreveu no diário. “Até agora os trabalhadores se mantiveram calmos. Seu número é estimado em 120 mil. Na liderança dos sindicatos está uma espécie de padre socialista chamado Gapon. Mirsky veio hoje à noite trazer o relatório das medidas tomadas.” 
 
Em  nenhum  momento,  le-se  que  o  Czar  deu  ordem  para  um  massacre, Fonte: O Último Czar de Edvard Radzinshy 

 
 Caiu  na  armadilha  da  Okhana  e  se  retirou  para  Czar  Koe Selo,  sem  no  entanto  dar  ordem  de  atirar,  salvo  se  o  Palácio  corresse perigo.
 
A Okhrana usou a repressão à procissão (o "Domingo Sangrento") como um meio de demonstrar a força do regime e reprimir qualquer oposição. 
 

Gapon,  pretendia  assim  intimidar  o  Czar  ao  convocar  e  mesmo  arrastar  pessoas  para  junto  de  Si  para  formarem  uma  grande  multidão.

Chegados  em  frente  ao  Palácio,  Gapon  disse que não  sairiam  dali  até  vir  o  Czar.

O  Exercito  que  com  certeza  obedeceu  á  ordem  da Okhrana  e  provavelmente  do  Grão  Duque  Vladimir  Alexandrovch,  disparou  contra  as  pessoas.

As  quarentas  pessoas  que  estavam  perto  de  Gapon,  foram  baleadas,  menos  ele  mesmo  no  meio,  oque  por  si  só  já  é  um  ato  suspeito.

A  noite, o  Czar  foi  informado pela  polícia  que  « escapara  de perigo  mortal  e  que  as  tropas  foram  obrigadas  a  atirar  para  defender  o  Palácio».

Ele  ficou  muito  abalado  e  escreveu  em  seu  diário:
 

9  de  Janeiro  de  1905- Um dia difícil!! 
sérios  distúrbios  em Petersburgo,  em  consequencia  da  tentativa  dos  trabalhadores  de  tomar  o  Palácio  de  Inverno.  As  tropas  foram  obrigadas  a  atirar  e ,  em  vários  pontos  da  cidade,  pessoas  foram  mortas  ou  feridas.  Senhor,  é  tão  doloroso  e  duro!
 
 Fonte: O Último Czar de Edvard Radzinshy 
 
A  Czarina  ficou  desesperada .
 
 
Os ministros se reuniram, alarmados, e Witte sugeriu que o czar se dissociasse publicamente do massacre, declarando que as tropas haviam atirado sem ordem. Nicolau se recusou a revelar que as tropas imperiais haviam sido os responsáveis e decidiu receber em Tsarskoe Selo uma delegação de 34 trabalhadores selecionados.
 
A imperatriz estava em desespero. Cinco dias depois do “Domingo Sangrento”, ela escreveu à irmã, princesa Vitória de Battenberg: 
 
 
“Você entende a crise pela qual estamos passando! Realmente, é um tempo cheio de provações. A cruz do meu pobre Nicky é pesada demais para suportar, ainda mais porque ele não tem ninguém em quem confiar totalmente, que possa lhe dar uma verdadeira ajuda.
 Ele teve tantas decepções amargas, mas, apesar de tudo, permanece corajoso e cheio de fé na misericórdia de Deus. Ele tenta com tanto empenho, trabalha com tanta perseverança, mas a falta do que chamo de homens ‘verdadeiros’ é grande... Os maus estão sempre por perto, os outros, com falsa humildade, ficam por trás. Devemos tentar ver mais gente, mas é difícil. De joelhos, rezo a Deus que me dê sabedoria para ajudá-lo nessa pesada tarefa... “Não acredite em todos os horrores que os jornais estrangeiros dizem. Eles deixam as pessoas de cabelos em pé – exagero revoltante. 
Sim, as tropas, alas, foram obrigadas a atirar. Disseram repetidamente à multidão que recuasse, que Nicky não estava na cidade (pois estamos passando o inverno aqui) e que ninguém fosse obrigado a atirar, mas eles não deram atenção e o sangue foi derramado.
 No total, 92 mortos e 200-300 feridos. Uma coisa medonha, mas se não o tivessem feito, a multidão se tornaria colossal e 1.000 teriam sido esmagados. 
Em todo o país, é claro, isso está se espalhando. A petição tinha somente duas questões relativas aos trabalhadores e todo o resto era atroz: separação da Igreja do governo etc., etc. Se uma pequena delegação tivesse trazido, calmamente, uma verdadeira petição pelo bem dos trabalhadores, tudo teria sido diferente. Muitos dos trabalhadores ficaram desesperados quando souberam mais tarde o que a petição continha e imploraram para voltar ao trabalho sob a proteção das tropas. “Petersburgo é uma cidade podre, nem um átomo russa. O povo russo é profunda e verdadeiramente devotado ao seu soberano, e os revolucionários usam seu nome para provocá-los contra os senhores rurais, mas não sei como. Como eu queria ser inteligente para ser de verdadeira utilidade.
 Amo meu novo país. É tão jovem, poderoso e tem tantas coisas boas, apenas absolutamente desequilibrado e infantil. Pobre Nicky, tem uma vida amarga e dura pela frente. Se o pai dele tivesse tido mais homens, se cercado deles, teríamos muitos para preencher os cargos necessários; agora, só velhos ou jovens demais, ninguém a quem recorrer. Os tios de nada adiantam, Mischa [grão-duque Miguel, irmão mais novo do czar] é um amor de menino, mas...”
A carta da Czarina não foi completada mas ilustra o horror dela e do Czar á tragedia.
 
Resumindo: O Czar  é  inocente  deste  massacre.  Deveria  ter  exposto  o  Exército  mas  não  o  fez,  levando  a  culpa  pela  tragédia.

  




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Maria Isabel.
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